segunda-feira, 5 de fevereiro de 2007

Lágrimas II

Não era mais feliz antes de se conhecere, tampouco mais triste. Era. Trazia do berço o que achava fundamental para escrever: o sofrimento; todo o resto seria ma decorrência natural do sofrer. Conheceram-se, amaram-se, abandonaram-se. Não era mais. Provou da insônia, mastigou acompanhado o fel da solidão. Ao fim de sua quaresma, com tinta azul, manchou o branco da folha: "Somos sombras diáfanas de nossos desejos perdidos, criadas a partir da pouca luminosidade dos sonhos despertos." Viu a inutilidade de seu texto, cansou de rasurar, rasgou. Ao ser questionado sobre as duas lágrimas que lhe pingavam da face, sorriu: "Foi um bocejo".

2 comentários:

Dopre Kleeg disse...

uau

Dalila Floriani disse...

bocejar ao ver a inutilidade do texto... parece-me corrente...