segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

toc ploc

Vejo uma jovem de beleza ancestral. Seguimos caminhando a mesma direção, viramos a mesma esquina. Ela usa vestido rosa e sapatos que fazem toc ploc na calçada. Me pergunto se um dia será minha. Cruza rua, do outro lado há sombra. De longe desejo seus suspiros, sua devoção e seu corpo. Tira o sapato - tudo de desconfortável nela e no universo evapora. Agora ao caminhar faz som de nuvens correndo no céu. Ela fica em casa. Eu sigo só na rua, para sempre.

domingo, 10 de janeiro de 2010

Alta Fidelidade

Terminei de ler “Alta Fidelidade”. Sempre tive vontade de assistir o filme: a capa com John Cusack me dava uma alegria, com aquele vinil saindo e as caras e bocas dele. Mas sempre tinha alguma opção primária que me levava à locadora e não o escolhia.

Quando soube do livro, pensei: “vou lê-lo antes de ver o filme”. Mas de novo, outras opções foram surgindo na minha frente. Ora uma biografia, ora um clássico, ora um pop. Acabaram os livros da estante, e fui procurar outros para ler. Reli Machado, li a Revolução dos Bichos, me apresentaram à John Fante e seu “Pergunte ao Pó”. E numa passagem sem nenhuma vontade pela Fnac, pego um livro na mão e vejo nele um comentário de Nick Hornby na orelha de outro livro qualquer que eu tinha gostado da capa. Compro livros ou por indicação, ou pela capa. Nunca lembro de procurar por autores, foras os clássicos.

Fui procurar o tal livro, na semana entre o natal e ano novo. Os vendedores não tinham idéia de onde ele poderia estar. Mas encontraram. Numa mão estava ele, no outro uma série de contos do Hemingway. E assim começou meu 2010. Saudável e sensato. E aproveitando a vida e as experiências que eu ainda não tive. E menos um livro na lista, lido antes de acabar a primeira semana do ano. E lá fui eu atrás do filme e de mais alguns decréscimos em minha conta bancária.

Tal qual no livro, tive certeza que meu perfil estava por ali, entre o Rob e o Barry. Lembrei de alguns medos, de algumas virtudes, de minhas frustrações, da minha falta de paciência com determinadas pessoas. Sempre penso que é pra isso que servem os filmes e os livros, para nos ajudar a encontrarmos nossos reflexos. Logicamente sua função é outra, mas no fundo, fico ali lendo e me reencontrando. E me recriando.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

bem feito.

pra se alcançar o sucesso, tem coisas que dependem e coisas que não dependem de você.

sobre as que dependem, sempre tem aquele momento no qual você deveria ter se esforçado um pouquinho mais, não importa o quão difícil seja ou o quão de saco cheio você esteja. mas dai você preferiu pagar pra alguém fazer e descobriu que não dá pra confiar, por mais que você queira, no resto do mundo: se você quer as coisas bem feitas tem que ir lá e fazer você mesma.

"bem feito", repete aquela voz lá dentro, enquanto chora de raiva por ter pago R$300 (3 reais por página, divididos por 3) pra tal da Malu revisar e formatar o trabalho de conclusão de curso, e ela deletar todos os gráficos que você aprendeu a fazer sozinha no excel for mac e substituir um gráfico de barras - com respostas múltiplas - por um gráfico de pizza, onde só cabem 100%. "como pode alguém ser tão irracional", se pergunta na frente da tela, tremendo de raiva (afinal o tal trabalho foi entregue há 3 dias).

bem feito por todas as vezes que você deixou a sua vida na mão dos outros,e por quando deixou alguém decidir por você. você só chegou até aqui - e talvez isso seja lugar nenhum - por ser fraca, ou por falta de força de vontade mesmo. é isso que você merece, é isso que você tem: um monte de pequenos "ses" que poderiam ter te levado a algum lugar muito maior se você tivesse feito acontecer, e não confiado nos outros.

sobre as coisas que não dependem, acostumou-se a não reclamar a respeito. se preocupa e corre atrás pra fazer acontecer de algum jeito - mesmo que no fim das contas não dependam dela. parece mais fácil assim, reverter o "impossível" do que lutar pelo "possível". mal feito pelos outros e bem feito pra você, por confiar no resto do mundo, e não em você mesma.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

15 passos.

em algum lugar do caminho, provavelmente por pura distração, perdeu o rumo, esqueceu dos planos e se deixou levar pela maré. "o acaso nem é tão ruim assim", pensou, e deixou a vida seguir.

mas mesmo que não se possa ver, sonhos um dia acabam. ao acordar e se ver no espelho, lembrou que era hora de retomar o volante e dirigir sua própria vida novamente. voltar, mesmo que só em pensamento, pra onde as coisas tinham, supostamente, dado errado.

só esqueceu que não se pode voltar no tempo, nem abrir mão daquilo que se aprende, por bem ou por mal. certamente, por mais que quisesse o frescor e a ingenuidade da juventude de volta, já não lhe pertenceriam mais quando chegasse ao começo.

"a vida não é um círculo, que se completa. a vida é uma linha, que só segue adiante, e na qual não dá pra voltar atrás", escreveu com caneta vermelha no velho moleskine, achando que só assim nunca mais iria esquecer da lição.

ainda que relutante, aceitou o destino.

quinta-feira, 26 de março de 2009

O pensamento exterior

Do fundo de sua cova,
revirando-se em um caixão
ele berra.

Morto.

Berra:

O TocPloc ainda vive!


Discípulo de Foucault.

sábado, 28 de fevereiro de 2009

livros 1

Tudo começou na infância, admirando meu pai. Ele lia demais. Ele, a Oma e meus tios. Então eu lia para ser igual aos adultos, lia coisas de criança, mas lia. Depois passei a ler pra ser um erudito-culto-intelectual. Grandes bostas. “Intelectualidade”, descobri ser um objetivo muito abstrato e chato pra mim. Mas continuei lendo. Até virar hábito. Até viciar. Bate fissura às vezes. Na falta de livros, valem bulas de remédio, panfletos e cardápios.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

TOC
Quem é?
PLOC
Ploc o quê?
TOCPLOC