sexta-feira, 13 de abril de 2007

A Colheita

Muito jovem ainda, aprendia com o pai os segredos de plantar e colher quando a ceifa cumpriu o seu trabalho. Não discutiam porquês e comos do acidente, mesmo se discutissem, não conseguiria entender a razão daquele corpo tão ativo estar dormindo, em cima da mesa, de dia e com a casa cheia de pessoas estranhas, chorosas e barulhentas. Reencontrou-se com a mãe quando todos caminhavam em fila cantando monótonas e lamuriosas músicas. Pediram-lhe, em uma súplica sempre reiterada, para se despedir pela última vez do pai antes de cobri-lo com terra. Nessa instante, entendeu o que acontecia: ele se tornara semente e estava sendo plantado para reviver como árvores, gramas e flores.

Um comentário:

Dalila Floriani disse...

do pó ao pó... ou ao húmus.