quarta-feira, 29 de novembro de 2006

O Sorriso

O dia foi escurecendo antes, bem antes, da chegada da noite. As pessoas iam se preparando para a tempestade que se anunciou eminente: lonas e impermeáveis, alguns mais elegantes que outros, surgiam para proteger os corpos quentes dos precavidos. Para muitos, restou maldizer a memória, a pressa, o tempo. As lâmpadas dos postes, os faróis dos carros e os muitos relâmpagos iluminam os passos temerosos dos transeuntes, já desorientados antes de começar a chover. Então, caiu a primeira gota, seguida pelo séquito em turbilhão das irmãs gêmeas. Caiu por falta de palavra melhor. Havia o barulho das águas, o cheiro da chuva nas calçadas molhadas, a sensação de umidade e tão só. Todos sabiam, mas ninguém podia falar: chovia, e torrencialmente, para cima. Um novo dilúvio que sequer fez mais valos nas terras comidas pela erosão. Passada a tormenta, surgiu uma única e suficiente explicação aos perplexos boquiabertos que olhavam secos para o céu: um enorme sorriso de sete cores singrou o mar de nuvens.

4 comentários:

Fernando Floriani Petry disse...

belo. belo belo, mais que belo.
belo.

Fernando Floriani Petry disse...

belo. belo belo, mais que belo.
belo.

Fernando Floriani Petry disse...

repetitivo eu, não?

Dalila Floriani disse...

e é a mais bela (para não mudar os adjetivos) das explicações...