segunda-feira, 24 de abril de 2006

3.

Os lugares todos cansam
Os sinais sempre fecham
As buzinas assustam o silêncio
As flores são atropeladas
As filas estão gordas
Papagaios se fantasiam de professores
A fumaça virou nuvem – ou a nuvem virou fumaça?
No céu reflexos de espelhos egosítas
Nos velórios não há tristeza – há flu(pr)o(zac)xetinas...
Clarices fabricadas
Pensamentos uniformizados
Muros altos demais
Goiabas encaixotadas
Programações de obsolescência
Programas reciclados nas ondas transparentes
Trens vazios
Assinatura de números
Trabalho eficiente
Mais trabalho
Horas vazias – de sentido
Amizades excluídas
Amizades aceitas – gostei do seu perfil...
Corpos comprados
Tabelas sistematizando o dia-a-dia
Vida vendida
Remédios para os anos
Anos para o tédio ,
marasmo
...
...
...
Tédio.










Por isso existe a poesia.
que não está perdida
Ela está no não-lugar.

3 comentários:

Rolo disse...

E sem querer ser rude, mas não é a poética só um paliativo? E não é o tédio uma constante universal?

Pra mim é... (?)

Dalila Floriani disse...

O tédio é sim uma constante universal.
E a poesia á paliativa, mas mesmo assim ela cumrpe com sua função(?). Ao menos a mim ela me tira do tédio, me rapta do marasmo, me deixa longe da igualdade e repetição. E mesmo que "momentâneo", um deisfarce ou sei lá, é uma fuga da realidade que tanto me entedia...

Fernando Floriani Petry disse...

O tédio é bom... Porque fugir do tédio é excelente...
E o tédio não é uma realidade que precisa de fugas, e sim um acomodar-se com algo que precisa de mudanças...
ou não.