segunda-feira, 12 de dezembro de 2005

Rotina

Acordei de sobressalto, o que não me causava mais espanto. Os sonhos que já não eram novidade tinham outra vez ocupado minha noite. Já havia desistido de procurar significado.


Na rua, o mesmo caminho. Na padaria o leite com o mesmo gosto e o pão com a mesma cor. No ônibus as mesmas pessoas que se vêem todos os dias, mas não se conhecem. Os mesmos pensamentos...organizar mentalmente as atividades diárias. O mesmo terminal. O mesmo ponto. A mesma rua. A mesma forma de caminhar. O mesmo destino.

O mesmo guarda. A mesma pressa. O mesmo bom dia sem olhar quem se cumprimenta.

A mesma tela fria de computador. A mesma mesa de trabalho que um dia precisa ser organizada. O mesmo toque estridente do telefone. A mesma função. O mesmo chefe. O mesmo salário. (A mesma vida?)

O almoço à mesma hora, com os mesmos colegas e no lugar de sempre. A mesma fila. A mesma comida. O preço um pouco mais elevado.

O mesmo sono pós-almoço que é combatido com o mesmo cafezinho. A mesma tarde longa e arrastada. Os mesmos cinco minutos que demoram para chegar nas seis horas.

A mesma saída. A mesma forma de caminhar. A mesma rua. O mesmo ponto. O mesmo terminal. O mesmo ônibus. As mesmas pessoas que agora estão um pouco mais cansadas. O mesmo silêncio. O mesmo murmúrio coletivo sobre a mesma possibilidade de chover. A mesma padaria. O pão com a mesma cor e o leite com o mesmo gosto. A mesma casa. O mesmo jornal com as mesmas notícias de anteontem. A mesma hora. O mesmo boa noite distante.

O mesmo sonho de estar presa num imenso lamaçal.

A mesma noite. A mesma manhã. No entanto, não a mesma hora. Não os mesmos destinos.
É Feriado.
Sem ônibus, sem desconhecidos conhecidos. Sem guarda. Sem chefe. É diferente. Mas finalmente é a mesma coisa: NÃO HÁ NADA DE BOM NA TV.

Na mesma noite, após o mesmo feriado a mesma lama "cotidiana" está em meus sonhos.

5 comentários:

Nayara Duarte [1] disse...

e eu que vou para os mesmos lugares, pra falar com as mesmas e voltar pelo mesmos caminhos?

rotina é vida!
aventura é pra fracos.

Fernando Floriani Petry disse...

Acho que vou mudar o nome da minha barata para mesma...

Dalila Floriani disse...

certamente rotina é vida. até porque ninguém escapa dela inteiramente...
mas quando pessoas prendem-se tanto à ela que quando tem um tempo livre não sabem mais como usá-lo, isso sim pode ser um sinal de fraqueza...





Gostei da possível mudança do nome da barata PrImo!

Nayara Duarte [1] disse...

tem que ser muito forte pra sobreviver a rotina, no fim das contas. =o/

Anônimo disse...

e é nessa mesma rotina q levamos nossa vida...
nos surpreendendo qnd algo novo acontece e não sabendo o q fazer..
nessa rotina de incessantes "mesmices" q já nos causam nojo, pensamos em mudar, mas estamos acomodados e tão pouco acostumados, afinal, se nos questionamos siginifica q queremos mudar
ou não