Acordou naquele quase meio-dia com o desejo de se desculpar. Era preciso, era necessário, era da ordem do dia. Não se sentia bem e não sabia muito bem porque sentia-se mal. Saiu de casa sem dar maiores desculpas aos que serviam e foi à rua pôr o plano em prática. À velha, ao novo, ao motorista, aos que passeavam, ao guarda, às vendedoras pediu desculpa. Quase no fim da tarde, viu o mendigo que esmolava sem desculpas de antibióticos ou proteínas. Abraçou o imundo pedinte e abriu uma ladainha uníssona aos prantos "desculpemedesculpemedesculpeme". Sem outra alternativa, respondeu o mendigo: "Tá desculpada... Tá desculpada... Tá desculpada...". Em paz consigo, deixou o mendigo com sua miséria, as pessoas com seus espantos, os curiosos com suas perguntas e voltou para a sua casa, pois já era hora do jantar.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário