sexta-feira, 4 de agosto de 2006

Mesmo...

... no canto do grilo.
mesmo nos lugares encardidos de gente e de presença.
mesmo debaixo dos tapetes que são moradas de pó antigo.
mesmo na barba-de-velho das centenárias árvores dos lugares esquecidos pelo progressista positivismo.
mesmo nos marcadores de livros que não marcam.
mesmo na tela que comunica distâncias.
mesmo na carta ah! as cartas! esquecida, recomeçada, enviada e chegada um dia assim... de surpresa.
mesmo no relógio que insinua urgências, na peteca caída no canto do baú, no botão emperrado da mesa de pinball, no trilho enferrujado do trenzinho prateado, no olho caído da boneca de pano, na borboleta que pousava no colarinho das camisas dos elegantes mancebos.
mesmo nos destinos não cumpridos.
mesmo no casco do cavalo que não foi usado.
até mesmo em mim!
no aceno da Brigitte Bardot

são saudades.
só saudades.

saudosas saudades que já não suam em forma de lágrimas, esquecidas nos rostos que já são de cera.




e o mapa está lá. Continua. jaz tristemente no atlas lembrando que há distâncias. que sempre haverão distâncias, que sempre haverá saudades.

2 comentários:

T disse...

sua coisona fofa.

saudade é saudade.
privilégio da lingua portuguesa que mesmo com telefobe, celular, msn, internet, e o caralho a quatro, saudade é sempre saudade. e toda distancia é sempre distante.

falou e disse td, menina distante.

Fernando Floriani Petry disse...

putz...

saudades!