A magia do pó das luzes de natal...

As luzes de natal dançam alegremente.
O ritmo do “acende-apaga-acende” é o mesmo da frenética nostalgia sentida (doída).
A cidade se ilumina, a magia está no ar!
A magia que se faz necessária para conseguir ter dinheiro para as aquisições de natal. Para tantos presentes a se comprar, muitas vezes nem magia resolve...



Carteiros com acúmulo de trabalho:

Mentirosas palavras friamente impressas por uma fria máquina em um frio cartão com votos de felicidade de quem não se importa comigo.



Caixas de e-mails lotadas:

Mensagens encaminhadas a todos da lista de contatos. O importante é (fingir) lembrar!
Caixa de entrada – vazia.
Lixeira – cheia.



Congestionamento invisível de torres telefônicas:

15 mensagens recebidas:
1 - “Feliz Natal a todos vocês (da minha agenda telefônica)!”
2 - “Bom final de ano”
3 – “Tudo de bom”
4 – “ =”
5 – “ =”
...
...
...
15 – “=”


Hipocrisia.


Pessoas não-amigas lembram-se de desejar os (clichês) “sinceros votos” de felicidades e bom natal. O importante é lembrar-se. O que fica é a lembrança!

A lembrança da hipocrisia.

A lembrança dos cartões amassados.
A lembrança dos e-mails deletados.
A lembrança do “para você também (- enviar)”.

A lembrança do esquecimento.



Uma vez ao ano (ao menos) faz-se necessário que as pessoas lembrem-se uma das outras. Abracem-se. Congratulem-se. (Finjam). Lembrem que são humanos (ou o quanto não são a maior parte do tempo/ano). E sentem-se (se é que sentem...) felizes e envoltos com a “magia” do final esperando um recomeço diferente (com a certeza de que será igual).

Esse ano quero um (não-)presente. Quero não precisar “ganhar” a hipocrisia.
Quero (ao menos) uma vez ao ano não fingir.

Como são hipócritas as luzes de natal.