sexta-feira, 28 de outubro de 2005

vertigem.mp3

olhe para essas mãos que não tem força
para arrancar os próprios olhos.
que escrevem por folhas brancas
e escrevem por cima de
outras linhas também.

escrevo sobre o que não sei.
e falo o que nem sempre faço,
apenas pra tentar fazer
você sentir
o que sinto.

desenhei a melhor imagem de mim.
dilacerando corpos,
cortando os pedaços
de quem eu amava.

e arranquei as páginas dos livros
e a melodia das canções.
pelas ruas eu andei,
colando minhas memórias.

sou os vales
e montanhas
que meu humor imita.

as águas que eu temi
e as noites que tentei
enfrentar.

nesses dias em que tudo parece estar
impregnado
do seu contrário.
eu me estilhaço em cacos...
e o corpo se refaz
a cada instante.

nesses dias em que tudo parece estar
impregnado
do seu contrário.
pensar incomoda
como andar a chuva
quando o vento cresce
e parece que chove
mais.



colligere (animus).
nada traduz tão bem esse momento
como essa música.

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