quarta-feira, 26 de outubro de 2005

Os Porcos

Não sou romântico; minha infância não é o meu paraíso perdido. Guardo boas lembranças, destinos vagos, brincadeiras e incertezas. A inocência perdi com o tempo.
É essa perca que nos explica muita coisa, proporciona muitas descobertas. Entendi, só pouco tempo atrás, uma frase.
Fui com o meu pai visitar um amigo dele. Este, criador de porcos, estava preocupado com duas coisas: o preço do kilo-vivo dos suínos e as atitudes dos festeiros da igreja. Em certa altura da coversa, olha pro meu pai e diz:
-"Prefiro lidar com uma granja de porco do que com dez pessoas."
Fiquei horrorizado. Como alguém pode prefirir porcos ao invés de pessoas? Como alguém se acha melhor entre os porcos?
Não pensei nisto, esqueci, cresci. Comecei eu a lidar com pessoas e, hoje, também prefiro os porcos. Não porque eles são irracionais ou não falam, mas pelo simples fato de que porcos não têm vaidades.

2 comentários:

Anônimo disse...

Pedaços de palavras pronunciam preferências e pormenores do poeta no picadeiro dos poemas...

Anônimo disse...

pois então... seriam os porcos capitalistas; ou os capitalistas, porcos?